Será que é PIF?
- Danielle Gonçalves
- Aug 17, 2024
- 3 min read
Tudo o que você precisa saber sobre a Peritonite Infecciosa Felina
Para tutores e veterinários
A PIF (Peritonite Infecciosa Felina) é uma das doenças mais frustrantes na medicina felina tanto pela dificuldade em diagnóstico quanto pela falta de oportunidade de tratamento para o gato, devido isso, muitos pacientes felinos vão a óbito. A doença ocorre através da mutação de um vírus dentro do organismo do gato, o Coronavírus Entérico Felino (FCoV), mas alguns pontos são de extrema importância:
- Pelo menos 80% da população de gatos já entrou em contato com o FCoV;
- O FCoV pode causar episódios de diarreia que são, na maioria das vezes, auto limitantes (se resolvem sozinhas ou com protocolos médicos básicos);
- Nem todo gato portador do FCoV sofrerá a mutação do vírus para a PIF, aliás, apenas 1% a 10% dos gatos portadores do Coronavírus Entérico desenvolverá PIF. - Apesar do Coronavírus Entérico (não mutado) ser transmitido entre gatos, um gato com PIF não transmite PIF para outro gato.
Alguns fatores irão predispor a mutação do FCoV em PIF, como:
- Idade do gato: gatos mais jovens com sistema imunológico ineficiente podem ser mais susceptíveis;
- Gatos com sistema imunológico abalado: Portadores da leucemia felina (FeLV), gatos expostos a estresse com frequência;
- Gatos que vivem em abrigos: a alta densidade populacional favorece o contato contínuo com o FCoV além de estresse;
- Fatores genéticos.
Quando devemos desconfiar de PIF? Veja os primeiros sinais:
Gato filhote ou jovem que veio de um abrigo e passou por estresse recente. Sinais físicos como falta de apetite, prostração, alterações oculares, alterações neurológicas, febre persistente, ascite (liquido na cavidade abdominal), icterícia (amarelamento das mucosas).
A PIF tem sido diferenciada em PIF ÚMIDA e PIF SECA, ou seja, na PIF úmida existe presença de efusões (liquido) abdominal ou torácico, e na PIF seca, não. Além disso, a PIF úmida tem evolução mais rápida, e a seca geralmente tem envolvimento neurológico e pode ter o diagnóstico dificultado.
Icterícia Ascite Anisocoria



A partir desses sinais, o veterinário provavelmente descartará outras causas/doenças e exames complementares serão essenciais para compor nosso quebra cabeça.
Exames sanguíneos: Alterações vistas no hemograma: anemia, neutrofilia, linfopenia (...) Alterações vistas no bioquímico: hiperbilirrubinemia, aumento de enzimas hepáticas (...)
Ponto chave: Relação albumina/globulina <0,4 Proteínas totais aumentadas: albumina diminuída e globulina aumentada.

Alterações vistas na ultrassonografia abdominal: PIF ÚMIDA: inflamação em diversos órgãos (hepatite, colangite, etc) liquido livre. PIF SECA: inflamações em diversos órgãos, sem presença de liquido. As alterações podem ser mais discretas.
Quando pedir um PCR?
O PCR irá detectar o material genético do vírus, então CUIDADO com o PCR de sangue! Nenhum consenso recomenda o PCR sanguíneo, isso se deve devido grande possibilidade de o resultado ser positivo tanto para o Coronavírus Entérico presente no sangue, quanto para PIF, não sendo possível a diferenciação. Pode ser útil realizar o PCR da efusão nos casos de PIF úmida ou de líquor nos caso de PIF seca.

Quando pedir um exame sorológico (ELISA)?
EVITE! O ELISA irá demonstrar a presença de anticorpos para o Coronavírus Entérico, sem diferenciação para PIF, ou seja, um gato que não tem PIF pode testar positivo em ELISA apenas porque em algum momento da vida entrou em contato com o Coronavírus Entérico e desenvolveu resposta imunológica.

Outras análises da efusão podem ser feitas:
- Teste de rivalta positivo
- Relação albumina/globulina <0,8

O diagnóstico definitivo pode ser obtido através de imuno-histoquimica ou imunofluorescência de tecido infectado, porém, esse exame é realizado através de biópsia, ou seja, o paciente precisará passar por anestesia e cirurgia para coleta, o que na maioria das vezes será contraindicado devido ao quadro geral do paciente e geralmente não são realizadas.
Esses são alguns dados essenciais e comuns para o diagnóstico de PIF. Por ser uma doença complexa, alguns gatos podem apresentar nenhuma dessas alterações ou alterações completamente diferentes das que foram ditas.
O tratamento e a cura para PIF existem e tem comprovação científica mas infelizmente não está disponível devido questões burocráticas da empresa farmacêutica que possui sua patente. Apesar do médico-veterinário no Brasil ser impossibilitado de prescrever essa medicação, muitos tutores conseguem realizar a importação e curar seus gatinhos.
Fontes:
2022 AAFP/EveryCat Feline Infectious Peritonitis Diagnosis Guidelines
Efficacy and safety of the nucleoside analog GS-441524 for treatment of cats with naturally occurringfeline infectious peritonitis
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